sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Filme Escritores da liberdade e algumas reflexões.


Seguindo a tendência do blog o filme “Escritores da Liberdade” é baseado na história real de Erin uma advogada recém formada que resolve seguir a carreira de professora Língua Inglesa e Literatura, tendo como propósito educativo contribuir para a redução da violência urbana, causada pelos conflitos raciais dos EUA.
Com este ideal político, construído a partir da história política de seu próprio pai, Erin tem a oportunidade de lecionar numa escola considerada modelo por implementar uma proposta de integração racial. Assim, esta escola se propõe a reunir numa mesma sala alunos de diferentes origens raciais, econômicas e sociais, algo desafiante devido às tensões geradas por estas diferenças no contexto norte americano.
Enfrentando as dificuldades em lidar com esta convivência conflituosa, Erin, a despeito da resistência dos colegas e do corpo diretivo da escola, consegue construir uma relação harmoniosa entre seus alunos, além de proporcionar um vínculo dos mesmos com os estudos. Para tanto Erin propõe, como estratégia educativa, que cada um de seus alunos produza um diário pessoal registrando no mesmo suas condições de vida. Trazendo estas histórias de vida para dentro da sala de aula Erin propõe uma prática educativa inovadora.
O filme chama a atenção pela presença no ambiente escolar da violência urbana, causada pela diferenças raciais e sociais de seus alunos. Num momento em que assistimos a alta incidência da violência urbana no contexto das escolas brasileiras o filme nos remete a dificuldades semelhantes, guardadas as devidas especificidades da violência dos dois países. Assim ressalta-se que nos EUA a violência é sustentada predominantemente por questões raciais, já no Brasil verifica-se a prevalência das questões referentes ao tráfico de drogas.
No entanto, é a partir do lugar ocupado pelo professor, diante desta realidade, que gostaria de abordar o filme. A grande diferença apresentada por Erin está, acima de tudo, no seu papel como educadora, e não somente como “ensinante”. Assim, ela não se limita a ensinar conteúdos desconectados da realidade dos alunos.

É rompendo com aquilo que Paulo Freire denominou de “educação bancaria” que Erin pôde construir uma educação problematizadora, colocando no centro do processo educativo a realidade social vivenciada por seus educandos.
Recentemente conversando com uma colega, professora da rede pública, sobre questões referentes à violência escolar e o lugar do professor, ouvi a seguinte fala: “O pior é que além de ter que dar minha aula, eu tenho que educar meus alunos, porque os pais não dão conta”.

Hoje em dia assistimos a falência da função paterna, da função materna e agora será a do educador? Se o professor engrossar a lista deste “cemitério educacional” quem assumirá a educação das novas gerações? Até concordo que não caberia ao professor ocupar o lugar dos pais, mas porque não estabelecer diálogo com a família? Porque há tão pouco diálogo entre escola e os pais? Será que a escola conhece a realidade de seus alunos? Sabe porque caem bruscamente de rendimento? Sabe se os pais são alfabetizados? Se ajudam seus filhos nos estudos? Se valorizam os estudos? Enfim estas e tantas outras perguntas, se esclarecidas, podem mudar o olhar do professor diante de seu educando.
Agora, o professor se limitando a lecionar sua disciplina sem saber a importância que o conteúdo ensinado tem sobre o educando pouco contribuirá para a formação do mesmo. No filme este foi o questionamento da aluna feita a Erin quando diz: “O que vai mudar na minha vida isto que você vai me ensinar?”.
Este questionamento fez com Erin saísse da didática “engessada” e passasse a construir uma relação educativa inventiva, rompendo com a rigidez que os procedimentos escolares se ancoravam. Assim ela foi quebrando com a rigidez das estruturas escolares e, acima de tudo, rompendo com a rigidez dos profissionais que ditavam a dinâmica fria e sem sentido daquele ambiente escolar.
Acredito que enquanto o professor estiver distante da realidade de seus educandos pouco contribuirá para uma relação prazerosa destes com a escola.

3 comentários:

  1. parece ser um ótimo filme!
    ainda nao assisti todo porque ando "sem tempo", rs rs rs
    mas quando for possível, darei meu "parecer" sobre a obra!! rs rs rs
    bjos

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  2. O filme é maravilhoso , já assisti várias vezes quando aplico capacitações e diante da lição de Erin que enfrentou todas as barreiras de uma educação inclusiva mas que excluía quando podava de seus alunos o direito de se tornarem cidadãos A professora mostra que nossa função não é ensinar uma educação bancária mas ir além das quatro parede.conhecendo o nosso aluno e sua realidade e levá-lo a descobrir que ele também pode . ´Sabemos que é trabalhoso mas o que importa são os resultados.

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